Farmácias são descobertas após revelação do esquema com o CPF e surpreende o Brasil todo; entenda

Esquema do CPF em farmácias. Foto: Reprodução
Esquema do CPF em farmácias. Foto: Reprodução

Uma reportagem recente do UOL expôs um problema alarmante nas farmácias do Brasil: a coleta em massa de dados pessoais dos clientes, principalmente o CPF, para fins de marketing. Essa prática não só invade a privacidade dos consumidores, mas também gera preocupações sobre a proteção das informações e a ética no uso de dados de saúde sensíveis.

O que está por trás do CPF que pedem nas farmácias?

Ao dar o CPF em troca de descontos, os clientes estão, sem perceber, alimentando um enorme banco de dados com detalhes sobre seus hábitos de compra de remédios, histórico médico e até informações pessoais. As farmácias usam esses dados para enviar anúncios personalizados, tanto em seus próprios canais quanto em plataformas como YouTube e Facebook.

A Raia Drogasil, maior rede de farmácias do Brasil, é apontada como uma das principais empresas nessa prática. Ela usa dados de 48 milhões de clientes para criar perfis detalhados e direcionar campanhas de marketing específicas.

Jornalista revela esquema

UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, destaca nesta quinta-feira (29) aspectos da matéria da repórter Amanda Rossi sobre a solicitação do CPF nas farmácias para obter descontos em medicamentos.

Com essa informação, fornecida pelos clientes para conseguir abatimentos, as redes mantêm bancos de dados com até 15 anos de compras — desde itens básicos até remédios controlados — realizadas por 48 milhões de brasileiros.

A jornalista esclarece: “O desconto [do CPF] não é verdadeiro. Afirmo com certeza […] O valor mais próximo do real é aquele pago após fornecer o CPF.

Ela cita o exemplo de uma caixa com 12 comprimidos de um genérico do anti-inflamatório nimesulida. Custava R$ 31,78 na RaiaDrogasil, em São Paulo, sem CPF, em agosto de 2023. Com o CPF, o preço caía para R$ 8,50. Um desconto atrativo de 73%.

Uma rede de hospitais particulares pagou R$ 4,39 pela mesma caixa de nimesulida. Já órgãos governamentais adquiriram o produto por R$ 1,08. “Os R$ 31,78 da tabela cobrada pelas farmácias […] só existem para você informar o CPF, conclui.

Posicionamento da RaiaDrogasil

Em resposta à reportagem, a RaiaDrogasil afirmou que “não vincula a concessão de descontos à identificação pessoal” e que os abatimentos são “reais”. Contudo, em todas as lojas visitadas pela equipe, foi informado que o desconto só seria aplicado mediante fornecimento do CPF.

Quais são os riscos?

O uso indevido de dados pessoais de saúde traz vários riscos para os consumidores, como:

  • Violação da privacidade: a exposição de dados sensíveis pode levar a situações de constrangimento e discriminação;
  • Uso indevido das informações: os dados coletados podem ser utilizados para fins não autorizados, como a venda para terceiros ou a criação de perfis de risco;
  • Discriminação: a segmentação de clientes com base em dados de saúde pode levar à discriminação e à negação de serviços;
  • Fraudes: a concentração de dados sensíveis em um único lugar aumenta o risco de vazamentos e fraudes.

Lei Geral de Proteção de Dados

A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) define regras claras para o tratamento de dados pessoais no Brasil, incluindo a permissão do dono dos dados, o motivo do uso e a segurança das informações. Porém, aplicar a lei ainda é difícil, e muitas empresas, incluindo farmácias, têm problemas para se adaptar às novas exigências.

Thaymã Rocha

Especialista em Redação, escreve textos para o Benefícios do Dia com temas de Benefícios Sociais, Direitos do Trabalhador e Economia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *