Como não perder o Bolsa Família quando jogar no Tigrinho
As apostas online, como o conhecido jogo Tigrinho, vêm ganhando popularidade entre várias camadas da população, incluindo os participantes de programas sociais como o Bolsa Família. Este comportamento tem causado inquietações no governo e no Congresso, suscitando questionamentos entre os beneficiários: afinal, fazer apostas online pode resultar na perda do benefício?
Apesar da ausência de ações diretas do governo federal que proíbam os beneficiários do Bolsa Família de apostar em plataformas de apostas, como o Tigrinho, pesquisas estão em curso para restringir o uso do benefício em jogos de azar.
Adicionalmente, um novo Projeto de Lei sugere a suspensão do Bolsa Família e de outros auxílios para quem emprega o dinheiro em jogos de azar. No entanto, até agora, a resposta sucinta para a questão é: por enquanto, mas isso pode mudar em breve.
O que o governo está estudando?
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo está estudando maneiras de limitar o uso do Bolsa Família em jogos online. No mês passado, Haddad afirmou que é preciso restringir o envio de fundos de beneficiários para plataformas de apostas, como o Tigrinho, para prevenir a dependência de apostas entre famílias em situação de vulnerabilidade.
Haddad destacou que o governo não tem a intenção de banir completamente os beneficiários de uma “fezinha” ocasional, mas sim de encontrar um equilíbrio para que os recursos do Bolsa Família sejam empregados em sua finalidade original: auxiliar no atendimento de necessidades fundamentais, como alimentação, habitação e saúde.
“Não podemos passar a ideia de tutela, de discriminação, proibindo que todo beneficiário do Bolsa Família faça uma fezinha. Mas estamos estudando uma forma de definir limites“, afirmou o ministro em entrevista.
O deputado federal Tião Medeiros (PP-PR), enquanto o governo busca maneiras de restringir o uso do Bolsa Família em apostas, foi além. Em setembro de 2024, ele propôs um Projeto de Lei que pode levar à perda do Bolsa Família, BPC, Seguro Defeso, Auxílio Gás e outros benefícios sociais, se o beneficiário gastar o dinheiro do auxílio em apostas online.
Por que o Projeto de Lei foi criado?
O parlamentar Tião Medeiros propôs essa iniciativa em resposta a um relatório publicado pelo Banco Central. O relatório mostrou que, somente em agosto de 2024, os beneficiários do Bolsa Família destinaram aproximadamente R$ 3 bilhões a empresas de apostas, com a maior parte dos apostadores sendo composta por chefes de família.
A pesquisa revelou que cerca de 70% dos apostadores são os encarregados de receber o benefício social e que, em média, cada um desembolsou R$ 100 em plataformas como o Tigrinho.
Segundo Medeiros, quem emprega o benefício em apostas está causando danos à sua própria família e desviando o propósito do benefício. “Aquele que gasta com jogos online está desonrando não apenas sua família, mas toda a sociedade que está financiando esses benefícios para assegurar alimentos e dignidade”, afirmou o parlamentar.
As apostas online, que estão se tornando cada vez mais populares entre os cidadãos, impactam diretamente as finanças das famílias mais vulneráveis.
De acordo com o relatório do Banco Central, aproximadamente 5 milhões de brasileiros em condições de vulnerabilidade social fazem apostas em plataformas de jogos online, sendo que grande parte deles depende do Bolsa Família para sobreviver.
A pesquisa indicou que as famílias com renda mais baixa são as mais impactadas pela atividade de apostas, pois o apelo de “riqueza rápida” proporcionado por essas plataformas é mais atraente para aqueles que se encontram em situação de aflição financeira.
Essas informações destacam a urgência de uma regulamentação mais estrita do setor e a implementação de ações preventivas para salvaguardar os mais suscetíveis.